jordan Posted December 5, 2018 Share Posted December 5, 2018 Após mal desempenho de Uno e Mobi no Longa, Argo tem a missão de limpar a barra da Fiat por aqui após rodar 60.000 km O retrospecto da Fiat por aqui é ruim. Tanto o Mobi (desmontado em 2017) quanto o Uno (2011) se despediram do Longa Duração aprovados, mas com ressalvas – as mais pesadas, relacionadas ao motor, acabamento e qualidade de atendimento dos serviços prestados pela rede. Logo, a responsabilidade do Argo é maior que o normal: além de mostrar suas próprias qualidades, chegou aos 60.000 km com a missão de mostrar que a marca também evoluiu nos últimos anos. A vida a bordo do Argo foi bastante tranquila. Nada de acionar serviço de guincho ou fazer constantes visitas não programadas para correção de problemas surgidos entre as revisões. Ainda assim, precisamos fazer alguns gastos que não estavam previstos. Logo de cara, o tapete dado como cortesia pela concessionária Amazonas, que nos vendeu o carro, teimava em enrolar por debaixo dos pedais. Foi aí que partimos para a compra de um jogo da linha de acessórios originais, com sistema de travamento, por R$ 187. Aproveitamos a parada e instalamos também um jogo de película nos vidros, por R$ 251. Só bem mais tarde, na revisão dos 40.000 km, tivemos um novo gasto extra: na quarta revisão, feita na Sinal, trocamos as palhetas do limpador do para-brisa (R$ 176) e o kit de discos e pastilhas de freio (R$ 580). Por conta de uma bolha, compramos um par de pneus – para manter o equilíbrio direcional, não se deve misturar pneus com níveis de desgaste muito diferente num mesmo eixo. O diário de bordo do Argo revela ainda uma visita para um pequeno reparo no para-brisa, atingido por uma pedra durante uma viagem. Se você, assim como a gente, roda muito em estrada, uma boa dica é contratar o seguro com cobertura de danos nos vidros. É comum que caminhões e ônibus carreguem pedras nos pneus, por causa dos sulcos largos e profundos. Com a velocidade, a força centrífuga faz com que elas sejam arremessadas em quem vem atrás. É muito raro um carro de Longa Duração cumprir os 60.000 km sem precisar de ao menos um reparo (ou mesmo troca) de para-brisa. No convívio, o saldo final foi positivo. O start-stop foi, de longe, o ponto mais criticado do Argo. A demora em religar o motor após uma parada foi anotada no diário de bordo por boa parte da equipe, mas o que mais incomodou foi a falta de inteligência do sistema. Exemplo: ele não entende que o desligamento deve ser inibido quando o ar-condicionado está ligado e a temperatura da cabine está elevada, obrigando o motorista a desativar manualmente o liga-desliga. Já a central multimídia congelou com o repórter Henrique Rodriguez: “Tirei o cabo do meu celular da porta USB da central e o Waze continuou exibido na tela, o que, em tese, é impossível de acontecer. Desliguei o motor, abri a porta, acionei a trava e o rádio continuou funcionando. A central seguiu ligada por um tempo até que, do nada, reiniciou”. Em contraponto às críticas, sobraram elogios ao baixo consumo de combustível, ao bom acerto da suspensão e à qualidade de acabamento e montagem – exatamente os pontos mais criticados por quem usou o Mobi de Longa Duração. Agora, após o teste, dá para dizer: baseado no que vivenciamos nas concessionárias, o atendimento da rede Fiat melhorou muito. Preço das revisões iguais ou abaixo do sugerido pela fábrica, promoções na troca de peças de desgaste natural, facilidade de agendamento e agilidade na prestação de serviço marcaram a relação com as autorizadas visitadas – três na capital paulista, uma no interior e uma em Teresina (PI). “Nem parece a mesma rede que atendeu o Mobi e o Uno”, diz o piloto de teste Eduardo Campilongo, responsável por levar os carros de Longa Duração para a manutenção. Apenas a concessionária Ventuno, na qual fizemos a revisão dos 20.000 km, derrapou: em nossa vistoria pós-revisão foi constatado que o filtro de combustível não havia sido trocado, apesar de constar na nota fiscal. O alento é que não criaram caso: ligamos para a Ventuno dizendo se tratar de um carro de empresa com oficina para conferência de manutenção e o técnico da loja imediatamente se desculpou e fez a troca do filtro. Apesar de uma clara e unânime percepção de evolução em relação aos últimos Fiat testados, faltava ao Argo se provar melhor também no desmonte. Não falta mais. O primeiro indicativo de sua plena forma saiu da nossa pista de teste, em Limeira (SP). Lá, o Argo passou por uma avaliação completa aos 1.000 km e aos 60.000 km, justamente para que os números obtidos fossem confrontados. Os resultados foram muito próximos, com uma discreta (e quase completa) melhora na segunda passagem. Na Fukuda Motorcenter, nosso consultor técnico, Fabio Fukuda, fez, antes da desmontagem, a aferição das pressões de óleo, combustível e também de compressão dos cilindros: “Tudo estava folgadamente distante dos limites tolerados pela fábrica”, diz Fukuda. A abertura do cabeçote rendeu um empolgado elogio do mecânico: “A melhora técnica do motor Firefly do Argo em relação ao Fire que equipava Uno e Mobi de Longa é enorme. Se nos veteranos encontramos um elevado acúmulo de carvão, no Argo as válvulas estavam em excelente estado, com baixíssimo índice de impregnação de material carbonizado”. A abertura posterior do bloco revelou pistões com suas cabeças igualmente limpas. E todos os componentes também chegaram plenos aos 60.0000 km. No virabrequim, livre de qualquer sinal de deficiência de lubrificação, munhões, moentes e folga axial foram medidos e estavam em conformidade. Bronzinas (de mancal e biela), cilindros e pistões foram igualmente aprovados nos testes dimensionais e na inspeção visual. Com baixíssima concentração de partículas metálicas, além de coloração, odor e viscosidade regulares, o óleo de câmbio antecipou a boa avaliação do sistema. “Engrenagens, rolamentos, anéis sincronizadores e luvas de engate estavam em perfeito estado”, diz Fukuda. Dissecada, a carroceria causou boa impressão. “Não encontrei nenhum sinal de poeira ou água no assoalho da cabine ou do porta-malas, mas o que me impressionou mesmo foi a quantidade de reforços estruturais. No acabamento, apesar de não contar com a mesma quantidade de parafusos e presilhas do Creta, o último carro a passar pelo desmonte, o Argo foi bem, com painéis e chicotes bem isolados e fixados adequadamente, além de plugues e terminais com conectores confiáveis ”, diz Fukuda. Os freios foram bem avaliados e estavam com pastilhas, discos, lonas e tambores com medidas distantes dos números-limite da Fiat. Mas isso já era esperado, afinal, como dito anteriormente, pastilhas e discos foram trocados aos 40.000 km. Na suspensão, Fukuda encontrou o único item merecedor de atenção. “As bieletas, que fazem a ligação entre a barra estabilizadora e os amortecedores, estavam com folga. Ainda não haviam se transformado em fonte de ruído, mas isso aconteceria em breve”, diz. No entanto, buchas, pivôs, terminais, barras axiais e até os coxins da própria barra estabilizadora chegaram aos 60.000 km trabalhando justos, sem folga. Se a trajetória dos problemáticos Uno e Mobi foi repleta de pedras no caminho, com o aprovadíssimo Argo a história mudou: é ele quem passa a dar à Fiat o caminho das pedras. PEÇAS APROVADAS Suspensão O sistema foi encontrado em ótimo estado geral, com buchas, pivôs e terminais trabalhando justos. Apenas as bieletas, que fazem a ligação entre a barra estabilizadora e os amortecedores dianteiros, foram encontradas com ligeira folga. Ou seja, o barulho não tardaria a aparecer. Freios Com discos e pastilhas substituídos na revisão dos 40.000 km, não deu outra: o sistema chegou aos 60.000 km com todos os componentes ainda distantes da tolerância da Fiat. Corpo de borboleta O componente limpo comprova a eficácia dos sistemas de recirculação de vapores de lubrificante e de filtragem do ar – o plano de manutenção do Argo prevê a troca a cada 10.000 km, ou seja, em todas as revisões. Velas de ignição Mesmo com indicação de troca a cada 40.000 km, as velas chegaram bem ao desmonte. Bloco Além de estarem em conformidade com os dados dimensionais de ovalização, conicidade e diâmetro, os cilindros estavam com suas paredes livres de qualquer sinal de déficit de lubrificação. Virabrequim Moentes (parte excêntrica ao eixo, onde as bielas são montadas) e munhões (o segmento cilíndrico que forma o centro de rotação do virabrequim) estavam intactos, sem nenhum sinal de falha de lubrificação e com medidas dentro do esperado pela Fiat. Pistões e bielas A cabeça dos pistões repetiu o baixo nível de impregnação de material carbonizado, graças à estanqueidade das câmaras de combustão Comando Com um único comando para coordenar o sobe e desce das válvulas de admissão e escape, o componente passou incólume na inspeção visual. Válvulas Tanto as válvulas de admissão como as de escape chegaram aos 60.000 km com baixo índice de contaminação por material carbonizado. Anéis Os anéis de compressão estavam todos com folga de entre-pontas dentro da faixa tolerada pela Fiat, assim como as bronzinas de mancal e de bielas. VEREDICTO QUATRO RODAS A responsabilidade era grande já na aquisição do Argo, em setembro de 2017. Conseguiria ele pôr um fim na sequência de carros da Fiat mal avaliados no Longa Duração? A evolução da rede ficou clara ao longo dos 60.000 km. Já a melhora técnica foi comprovada com a ótima performance no desmonte. Linha do tempo (clique nos links para ler as matérias) Setembro/2017: o Argo entra para a frota e substitui o Fiat Mobi, com mais um carro feito em Betim; Outubro/2017: Em São Paulo, Fiat Argo precisou de reparo no para-brisa por conta de uma pedrada, fazendo valer a pena a contratação da cobertura de vidros no seguro; Novembro/2017: depois de uma viagem de férias, Argo passou pela primeira revisão aos 10.000 km; Novembro/2017: Em uma viagem para o Rio de Janeiro, Argo faz 18 km/l com ar-condicionado ligado; Janeiro/2018: Destaque na lista de equipamentos do hatch, o start-stop, recurso que desliga o motor em paradas longas, começa a perder o fôlego ao religar o motor; Janeiro/2018: Rede Fiat decepciona na revisão do Argo: rodízio foi feito fora do padrão e o filtro de combustível, cobrado, não foi trocado; Fevereiro/2018: Além de o start-stop interromper a refrigeração da cabine quando não deveria, o sistema multimídia fica com a tela congelada; Abril/2018: Aos os 30.000km, Start-stop e multimídia estão com funcionamento irregular e portas USB inoperantes. Na hora da revisão, porém, nada de errado foi detectado Abril/2018: Em um passeio de final de semana, Fiat Argo foi elogiado em consumo, nível de equipamentos e visual; Junho/2018: Revisão dos 40.000 km condena componentes, cuja troca foi orçada pelas concessionárias em mais de R$ 1.000, mas acabou saindo por R$ 580; Agosto/2018: Fiat Argo sofre com bolha no pneu e tem gasto de quase R$ 1.000. O incidente gera um problema que exige substituição de dois pneus antes de uma travessia de 7.000 km entre São Paulo e Teresina (PI); Setembro/2018:Fiat Argo encara viagem de quase 10.000 km, com direito a uma pausa para revisão e uma passada pelos estados de SP, MG, BA, PI, MA, CE e PB; Outubro/2018:Aos 60.000 km, Fiat Argo passa por simulação de venda; Novembro/2018: Já com 60.000 km e às vésperas da desmontagem, desempenho do Fiat Argo melhora; Folha Corrida Tabela de Preço Em setembro de 2017 – R$ 59.800 Atual (modelo usado) – R$ 50.010 Atual (modelo novo) – R$ 61.280 Quilometragem Urb. 12.638 km (21%) Rod. 47.644 km (79%) Total 60.282 km Combustível Em litros 4.372,8 Em reais 17.892 Cons. médio 13,8 km/l Manutenção (revisão/alinhamento) 10.000 km – Buono – R$ 250/R$ 90 20.000 km – Ventuno – R$ 484/R$ 190 30.000 km – Amazonas – R$ 432/R$ 160 40.000 km – Sinal – R$ 918/R$ 185 50.000 km – Jelta – R$ 478/R$ 85 Extras (essenciais) Jogo de tapetes – R$ 187 Jogo de palhetas – R$ 176 Disco e pastilha – R$ 580 Película – R$ 251 Extras (acidentais) Par de pneus – R$ 820 Custo por 1.000 km Combustível – R$ 296,81 Revisões – R$ 42,50 Alinhamento – R$ 11,78 Extras (essenc.) – R$ 19,81 Total – R$ 370,90 Ocorrências 2.654 km Para-brisa, danificado, é reparado 17.835 km Partida do motor mais lenta que o normal 20.007 km Concessionária cobrou, mas não trocou o filtro de combustível 40.479 km Discos e pastilhas de freio trocados 45.386 km Substituição de um par de pneus Testes de pista (com gasolina) 1.000 km 60.000 km Diferença Aceleração de 0 a 100 km/h 12,8 s 12,6 s 0,14% Aceleração de 0 a 1.000 m 34,5 s / 148,8 km/h 34,2 s / 151,4 km/h 0,87% / 1,75% Retomada de 40 a 80 km/h 7,9 s 7,6 s 0,21% Retomada de 60 a 100 km/h 12,6 s 12,4 s 0,14% Retomada de 80 a 120 km/h 21,2 s 20,9 s 0,49% Frenagens de 60 / 80 / 120 km/h a 0 16,9 / 28,9 / 68,6 m 16,4 / 27,7 / 64,7 m 0,35% / 0,15% / 5,69% Consumo urbano 14,5 km/l 14,4 km/l 0,07% Consumo rodoviário 16,6 km/l 16,8 km/l – 0,14% Ruído interno (neutro/RPM máx.) 42,4/ 72,5 dBa 41,8/75,9 dBa 1,42%/ -4,69% Ruído interno (80/120 km/h) 63,5/ 70,4 dBa 63,6/69,7 dBa – 0,16%/ 0,99% Ficha técnica – Fiat Argo Drive 1.3 8V 2017/2018 Motor: flex, dianteiro, transversal, quatro cilindros em linha, 1.332 cm³, 8V, 70,0 x 86,5 mm, 13,2:1, 109/101 cv a 6.250/6.000 rpm, 14,2/13,7 mkgf a 3.500/3.500 rpm Câmbio: manual, cinco marchas, tração dianteira Direção: elétrica, três voltas, 10,4 m (diâmetro de giro) Suspensão: independente, McPherson (dianteira), dependente, eixo de torção (traseira) Freios: disco ventilado (dianteira), tambor (traseira) Pneus: 185/60 R15 Peso: 1.140 kg Peso/potência: 10,46/11,29 kg/cv Peso/torque: 80,28/73,25 kg/mkgf Dimensões: comprimento, 399,8 cm; largura, 172,4 cm; altura, 150,1 cm; entre-eixos, 252,1 cm; altura livre do solo: 149 cm; porta-malas, 300 litros; tanque, 48 litros Fonte: Quatro Rodas Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
RLCASARIN Posted December 5, 2018 Share Posted December 5, 2018 Eeeeeeee PARABÉNS ARGO Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
acapjun Posted December 5, 2018 Share Posted December 5, 2018 Boa notícia! O motor firefly foi aprovado. Faltou informar o estado da embreagem e da caixa de direção. Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
fabioo Posted December 6, 2018 Share Posted December 6, 2018 Ótima noticia para nós! Um ponto que me deixou tranquilo (além dos demais elogios) foi esse comentário: "mas o que me impressionou mesmo foi a quantidade de reforços estruturais." Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
George de Alcântara Lima Posted December 6, 2018 Share Posted December 6, 2018 Muito boa a reportagem. Vou ficar no aguardo do argo 1.3 at6. Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
renatoweber Posted December 11, 2018 Share Posted December 11, 2018 Quanto ao consumo, eles indicam se foi usado sempre gasolina? Pq pela média geral ter dado 13,8 e o consumo em teste ser de 14,4 urbano e 16,8 estrada, parece que usaram etanol um pouco. Fora isso, seria bom saber da embreagem como o colega acima falou. Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
LRI Posted May 27, 2019 Share Posted May 27, 2019 Bacana o acerto da suspensão, já vi casos de muito barulho nas bieletas do palio attractive. Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
REINALDO DUARTE DA SILVA Posted November 25, 2019 Share Posted November 25, 2019 Eu sei que pra quem ja tem o carro procura sempre ver o copo meio cheio, mas como eu estou ainda pensando em comprar o argo gosto de ser bem detalhista na avaliaçoes que vejo e o que me chamou a atenção nesse desmonte é a proporção de km rodados na area urbana e nas rodoviasQuilometragem Urb. 12.638 km (21%) Rod. 47.644 km (79%) Total 60.282 km Quase 80% rodovias onde o desgaste é bem menor mesmo. Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
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