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Ao Volante: Versão de entrada do Fiat Argo convence


jordan

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Mesmo menos potente, Fiat Argo Drive 1.0 mantém boa dirigibilidade e acabamento acima da média, mas preço é alto diante da oferta de equipamentos de série

 

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Os últimos hatches compactos que a Fiat lançou no Brasil passaram longe de empolgar. A segunda geração do Palio demorou demais para chegar (nada menos que 15 anos separam as duas) e, proporcionalmente a todo esse tempo, trouxe poucos avanços, ao passo que o Mobi não passa de uma derivação do Uno. Isso se torna ainda mais grave quando vem de um fabricante que se firmou produzindo automóveis acessíveis, de grande volume de venda, e que já fez modelos marcantes com tal tipo de proposta, como os primeiros Uno, Palio e Punto. Por causa desse histórico recente, minhas expectativas sobre o Fiat Argo Drive 1.0 não eram lá muito altas. Porém, para minha surpresa, a novidade convenceu. Parafraseando o colega Paulo Eduardo, que testou a versão HGT aqui para o Autos Segredos, o Argo, mesmo na versão de entrada, é o melhor Fiat dos últimos tempos.

 

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Design genérico

 

É verdade que, ao contrário dos citados Uno, Palio e Punto de primeira geração, o Fiat Argo tem um design meio genérico, principalmente na versão Drive, que não traz itens como rodas de liga leve ou spoilers. Enquanto estive com o veículo, fui abordado por uma única pessoa na rua, que logo disse tê-lo achado parecido com o Gol. Eu, particularmente, não vejo muitas semelhanças com o concorrente da Volkswagen, e sim com outros modelos: a dianteira lembra a do Mobi, ao passo que a traseira tem um ar de HB20. Todavia, o fato é que gosto é subjetivo, e o hatch tem qualidades mais objetivas, a começar pelo interior.

 

O mesmo homem desconhecido que puxou conversa sobre o design da carroceria aprovou o habitáculo, classificando-o como bem-acabado. Nesse ponto, estou de acordo. O padrão de construção é superior ao de todos os modelos de entrada que a Fiat comercializou no Brasil até o momento, com peças bem-encaixadas e sem rebarbas. Não há material emborrachado (como o Bravo trazia no painel), mas os plásticos, apesar de rígidos, exibem texturas variadas e não são ásperos ao toque. Alguns componentes, como os comandos do ar-condicionado e as teclas do volante multifuncional, são compartilhados com (os mais caros) Toro e Renegade.

 

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Espaço e ergonomia

 

Outro ponto que agrada no interior é o espaço. O Fiat Argo não chega a se equiparar ao Renault Sandero, que ainda é referência nesse quesito, mas supera outros modelos também amplos dentro da categoria, como o Volkwagen Fox e o Citroën C3. No banco traseiro, mesmo pessoas altas conseguem dispor de alguma folga para os joelhos, e a área transversal é suficiente para que três ocupantes se acomodem sem que haja aperto excessivo. Além disso, todos contam com a proteção de cintos de segurança de três pontos e encostos de cabeça. O habitáculo poderia oferecer um vão mais generoso apenas para a cabeça de quem se senta ali, pois passageiros de estatura mais elevada esbarram no forro do teto. O porta-malas também está entre os mais generosos da classe, com 300 litros de capacidade, mas, mas versão Drive, o banco não é bipartido, o que diminui as possibilidades de rebatimento.

 

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Nem tudo é positivo, porém, a bordo do Argo: há falhas de ergonomia, entre as quais os bancos dianteiros e traseiro com assentos muito curtos, que não apoiam totalmente as coxas (inconveniente típico de hatch compacto), a coluna de direção sem ajuste telescópico (item que equipa somente as versões 1.8), os pedais muito próximos e deslocados para a direita (mal que vem desde o primeiro Palio) e o puxador de porta muito saliente, que esbarra no joelho do motorista. Entre os pontos positivos, estão o volante de excelente pegada, o cluster completo (com direito não só a termômetro, mas até a mostradores de carga da bateria e de temperatura do óleo lubrificante, sendo esses dois últimos exibidos na tela do computador de bordo) e de fácil leitura (sem os mostradores pequenos presentes em alguns outros compactos) e a visibilidade, que é boa inclusive para as laterais (pois nem a linha de cintura nem as colunas C são pronunciadas demais).

 

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Desempenho na conta do chá

 

Minhas expectativas também não eram muito altas em relação ao desempenho da versão Drive 1.0. Afinal, o motor FireFly, apesar de atual, não entrega mais do que 77 cv de potência com etanol e 72 cv com gasolina, a 6.250 rpm, ao passo que o peso do modelo é de significativos 1.105 kg.  Entretanto, o fato é que, em ambiente urbano, ele dá conta do recado com mais eficiência do que os números fazem supor. Não que o Fiat Argo seja expoente em performance, mesmo quando comparado a outros carros 1.0 de aspiração natural, mas, dentro desse contexto, o compacto consegue arrancar e retomar em meio ao trânsito de maneira bastante satisfatória. Mérito do bom torque de 10,9 kgfm com o combustível vegetal e 10,4 kgfm com o derivado do petróleo, a 3.250 rpm.

 

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Estrada

 

Na estrada, porém, minhas desconfianças se confirmaram: o rendimento do propulsor cai em alta rotação, o que, aliado à massa corporal significativa, faz com que o veículo perca velocidade facilmente em aclives. Ultrapassagens também demandam atenção e paciência do motorista. Esse tipo de resposta, melhor nas rotações mais baixas que nas mais altas, é típica dos motores de duas válvulas por cilindro, como é o caso do FireFly: ele é o único três cilindros de seis válvulas fabricado no país. No mais, há variador de fase e confecção de bloco e cabeçote em alumínio. Duas soluções que evitam gastos de dinheiro e de tempo por parte do proprietário são a corrente de acionamento, que elimina a correia dentada e tem vida útil, segundo o fabricante, similar à do propulsor como um todo, e o sistema de partida a frio por meio do aquecimento dos bicos injetores, que elimina o tanquinho de gasolina.

 

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Baixo consumo

 

Se em desempenho o motor 1.0 FireFly não chegou a se destacar, em consumo ele mostrou resultados mais dignos de destaque. Abastecido com gasolina, o Argo cravou, em nossas aferições, 14,1 km/l na cidade e 15,8 km/l na estrada. Assim, mesmo com um tanque de apenas 48 litros, o hatch tem autonomia para rodar 758 km. Essas médias foram obtidas com o sistema Start-Stop, que é item de série em todas as versões, acionado, mas é possível desligá-lo por meio de um botão no painel.

 

É digna de nota ainda a suavidade do propulsor, que funciona sem asperezas. Tampouco são notados ruídos ou vibrações ou em excesso a bordo, o que indica bom trabalho de isolamento. Nem sempre, vale lembrar, isso ocorre em hatches compactos. O conjunto óptico também está nivelada por cima dentro da categoria, que é dominada por faróis monoparabólicos. No Fiat Argo,  há refletores separados para os fachos baixo e alto, que proporcionam iluminação muito boa.

 

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Dirigibilidade agradável

 

Na versão Drive 1.0, o câmbio é sempre manual de cinco velocidades. A caixa é a mesma que equipa Uno e Palio, mas parece ter ganhado aperfeiçoamentos na trambulação, pois os engates melhoraram bastante: são bem mais suaves e precisos que nos demais compactos da Fiat. Inconveniente que permanece, porém, é o curso muito longo da alavanca. O escalonamento das marchas é curto, como em todo carro 1.0 aspirado, mas correto, fazendo com que, a 120 km/h em quinta marcha, o motor trabalhe a 4.000 rpm.

 

A direção tem assistência elétrica, coisa que os antecessores nunca tiveram e que alguns concorrentes também não dispõem. O sistema, porém, deveria ter maior progressividade, já que o volante tem o peso ideal em manobras, mas exagera um pouco na leveza em alta velocidade. Os freios usam o sistema padrão no segmento, com discos ventilados na dianteira e tambores na traseira. Os resultados são positivos, mas não chegam a se destacar.

 

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Suspensão compromissada

 

Quando à dirigibilidade, o ponto alto do Fiat Argo é, provavelmente, o acerto de suspensão: o conjunto, que mantém a tradicional arquitetura com conjuntos independente do tipo McPherson na dianteira e semi-independente por eixo de torção na traseira, exibe um compromisso muito bem-equacionado entre conforto e estabilidade. Não é o modelo mais suave para rodar sobre pisos desnivelados, nem o mais estável em curvas, mas consegue se sair bem em ambos os quesitos, conciliando-os em igual proporção. O hatch absorve bem as irregularidades da pavimentação, deixando seus ocupantes livres de sacolejos, sem que isso implique em rolagem exagerada da carroceria em mudanças de direção. Em trechos sinuosos, ele transmite segurança e apresenta tendência ao subesterço apenas após certo abuso. A calibragem do sistema lembra a do Punto, e não a do Palio.

 

Conteúdo aquém do esperado

 

 

Como produto, o Argo convence: há muito tempo a Fiat não tinha um hatch compacto tão competitivo diante dos concorrentes. É pena que essas qualidades sejam em parte ofuscadas pelo preço de compra, que está acima da média da categoria, pois a versão Drive 1.0 custa a partir de R$ 46.800. Esse valor poderia sem justificado se, pelo menos, houvesse uma lista mais generosa de equipamentos, mas não é o caso, pois ela vai pouco além dos itens de praxe. De série, há ar-condicionado manual, direção elétrica, chave canivete com telecomando, computador de bordo, travas elétricas, vidros elétricos nas portas dianteiras com sistema one-touch, banco do motorista com regulagem de altura e sinalização de frenagem de emergência, além dos compulsórios airbags frontais e freios ABS. O único diferencial é a fixação Isofix para cadeirinhas infantis, ainda raro no segmento.

 

Todavia, um mero aparelho de som com rádio, entradas AUX e USB, MP3 Player, Audio Streaming e viva-voz Bluetooth é vendido como opcional, por R$ 1.300, valor que, pelo menos, inclui o volante multifuncional. Nos dias de hoje, é o cúmulo ter de pagar à parte por isso, mesmo em um carro 1.0. Você quer uma central multimídia, com tela touch de sete polegadas, Android Auto e Apple Car Play, sistema de reconhecimento de voz e uma segunda porta USB para os passageiros de trás, como a que equipava o veículo avaliado? Pois prepare-se para adicionar R$ 2.300 ao preço do veículo. Para ter também a câmera e os sensores de ré, some mais R$ 1.400. Retrovisores elétricos (sendo o direito com função tilt-down) e vidros traseiros elétricos, que também já deveriam estar incluídos, demandam o desembolso de outros R$ 1.200. Itens como faróis de neblina, alarme e rodas de liga leve sequer são oferecidos e precisam ser instalados como acessórios. Controle de estabilidade? Sem chance!

Segmento concorrido

 

No fim das contas, a maior falha do Fiat Argo acaba sendo realmente o preço cobrado diante do conteúdo oferecido. Isso, todavia, não é algo difícil de se resolver, basta que o fabricante diminua o primeiro ou agregue itens ao segundo. E, ao que tudo indica, é aconselhável que essas medidas sejam tomadas rapidamente, pois o segmento de hatches compactos está prestes a ganhar um competidor de respeito: o novo Volkswagen Polo, cujos valores, já anunciados, estão bem próximos aos do modelo da Fiat.

 

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»CAPACIDADES

Tanque de combustível: 48 litros; porta-malas: 300 litros; carga útil (passageiros e carga): 400 quilos

 

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Fonte: Autos Segredos

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